quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Recuerdos Del Paisito: La Culinaria

Para definir em poucas palavras, no que diz respeito ao paladar, o Uruguai é um país onde, inegavelmente, se come bem; muito bem. Em se tratando dos pratos principais, a culinária uruguaia é composta predominantemente por receitas à base de carne de vaca, o que não surpreende, visto que o país tem 3,5 milhões de habitantes e cerca de 12 milhões de cabeças de gado. Contudo, cordeiro, frango e peixe também tèm lugar garantido, já que são por volta de 10 milhões as ovelhas e que o país, a Oeste, é banhado pelo Rio Uruguai, a Sudoeste está o estuário do Rio da Prata e a Sudeste o Oceano Atlântico. As batatas, principalmente fritas, também estão sempre presentes como acompanhamento, assim como as saladas.

O prato mais representativo da culinária do país é a parrillada, uma verdadeira tentação para os carnívoros de plantão: em uma grelha vertical com alguma inclinação, a parrilla, as carnes vão sendo assadas e esse processo pode ser observado. Normalmente estão presentes a carne, claro, o frango, a salsicha, a linguiça, a morcilla e também rins, que recebem o nome de chinchulín. O costume é que se consumam as carnes menos bem-passadas, mas isso pode ser conversado, bem como a troca de um item por um pouco mais de outro. No meu caso, troquei o chinchulín por mais carne; faltou coragem...

Algo que achei muito saboroso foi o chivito, um sanduíche que, em sua versão mais comum, leva pão de hambúrguer, carne, alface, tomate, queijo, ovo e maionese e vem acompanhado por uma porção de batatas fritas. Mas há outras versões com recheios variados. A maciez da carne é uma peculiaridade que poucas vezes vi aqui dessa forma. Me disseram que, pelo fato de o país ser predominantemente plano, o gado não precisa despender tanto esforço físico, estando, assim, mais relaxado, refletindo-se isso na textura da carne. Os brasileiros que me acompanhavam costumavam dizer que a sensação de cortar a carne no Uruguai era muito parecida com a sensação de cortar um pedaço de queijo. Para mim, que não sou carnívora por excelência e comi chivitos clássicos até não poder mais, a explicação faz todo o sentido. O sabor da carne uruguaia também é algo difícil de descrever, na melhor acepção da palavra. Creio que o chivito é um dos pratos dos quais mais vou sentir falta... Hummmm!!!

Ainda na seção sanduíches, o cachorro-quente, pancho no Uruguai, é bom também, embora menor e com menos ingredientes do que os que costumo ver aqui. Simples, mas classifico esse como um daqueles casos em que menos é mais: pão, salsicha, batata-palha, catchup, mostarda, maionese... Para mim, que pertenço à geração sanduíche-coca-cola, era algo impossível de perder.

Outro capítulo na culinária do Uruguai são as massas, sempre muito boas. Dada a grande presença de imigrantes no Uruguai desde o início de sua existência independente como país, creio, olhando os cardápios, que uma das maiores presenças imigrantes lá seja de italianos, porque é grande a quantidade e variedade de receitas de massa. Nem comento muito... Ai ai!!...

Uma curiosidade que segue uma tendência mundial depois das mais recentes descobertas científicas sobre os malefícios do sódio em excessso: está regulamentado por lei o não uso do sal, inclusive com campanhas publicitárias incentivando os uruguaios a diminuir ou cortar seu consumo. No entanto, os saleiros estão sempre à mesa, para suprir a falta que esse condimento faz a algumas pessoas.

Em se falando de bebidas, o mate, bebida por excelência dos gaúchos, ou melhor, dos gauchos, é consumido com a mesma espontaneidade e casualidade com que o cafezinho é consumido no Brasil. Estejam os uruguaios onde estiverem, façam o que fizerem, o mate os acompanha sempre. Nos mercados, é grande a profusão de marcas de erva-mate; muitas são as cuias, as bombas... De repente, você está passando por algum lugar na cidade e vê lá um quiosque onde se pode ferver a água, adquirir erva-mate, cuia, bomba, tudo o que seja necessário para que perdure sempre esse verdadeiro ritual de congraçamento entre o gaúcho e o mate.

E por falar em café... Bom, esse é um tópico difícil. Café no Uruguai é uma questão de sorte. Nos primeiros dias tive pouca; café aguado, fraco para o paladar brasileiro. Então comecei a estar mais atenta e descobri que, para tomar um bom café no Uruguai, é preciso ter o olfato sempre alerta. Se você chegar a um lugar e for recebido pelo aroma de café antes que qualquer pessoa note sua presença, então, vá em frente; satisfação garantida. Outra satisfação garantida naquele friozinho persistente é o chocolate quente; esse, imperdível em todos os lugares.

Uma bebida que merece destaque no Uruguai depois do mate é o vinho. Não sou o que se pode chamar de uma bebedora contumaz, mas assim mesmo creio estar fazendo uma boa indicação, não só pelo fato de que um dos passeios possíveis de ser feito é pela rota uruguaia do vinho, mas também por outro ponto curioso: em qualquer lugar onde houvesse um rádio ligado, um ouvinte atento poderia perceber a presença constante de propagandas de vinhos, de vinículas, de lugares que personalizam vinhos...O vinho que experimentei é o medio y medio, bebida típica uruguaia muito servida para acompanhar as carnes. Não sei como é feita a mistura, mas ela tem 50% de vinho e 50% de champanhe, uma combinação que resulta em um sabor particular, agradável ao paladar; por isso o nome da bebida: meio e meio. Muuuuuito bom!!!

E, por fim, os doces... Ah, os doces!... Difícil escolher qual é melhor do que o outro. Alfajores de todos os tipos: com doce-de-leite, com geleia, recobertos por chocolate ou não, com coco... Enfim, complicado saber qual o melhor. Muito gostosos também os suspiros, que aprendemos a conhecer como merengues, a mesma excelência valendo para o amendoim-doce. E os churros??? Essa é para quem cresceu assistindo ao Chaves: no quiosque, me senti como a turma do Chaves comendo churros: com chocolate (e não esse chocolate extremamente adocicado que temos aqui), com doce-de-leite e, acreditem se quiserem, mais comuns do que se imagina, sem recheio. Fiquei pasmada com a quantidade de pessoas que pedia churros sem recheio.

Deixei por último o croissant ou media luna, pelo fato de ela ser um dos pratos uruguaios presentes tanto entre as comidas salgadas como entre as sobremesas. Recheada com presunto e queijo, coberta por açúcar ou simplesmente sem recheio nem cobertura, era bastante comum ver alguém com uma media luna na mão, inclusive nós.

Ufa! Do que experimentamos, creio que não me esqueci de nada. Para quem estiver lendo, bom apetite!

2 comentários:

  1. O Uruguai , um país muito pequeno e com população também pequena , oferece além da hospitalidade , da atenção e carinho uma culinária rica , o forte é mesmo a carne , e que carne ... macia , saborosa , é tudo muito bom , come-se muito bem lá . Uruguai deixa imensas saudades em quem teve a chance de visitá-lo . Yara , amei a crônica , e quantas saudades despertou ...Bjs Carol

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