"a Piria se lo puede hallar en todo cuanto su férrea voluntad creó. Fue un hombre que tuvo un sueño, lo hizo real y vive en él". (Loreley Lazo, poetisa uruguaia)
E finalmente hoje vamos a um lugar diferente. Do ambiente urbano, embora tranquilo e convidativo da capital Montevidéu, passaremos às estradas asfaltadas, planas, bem demarcadas e sinalizadas do Leste do país, com seus pinheirais e eucaliptos, coqueiros e palmeiras, até chegar a outro departamento, o de Maldonado. Ali o relevo não é mais plano e a região continua a ser cortada pelo Rio da Prata, até que se chega à Punta de Salinas, onde começa o Oceano Atlântico.
Aqui e ali, pela estrada, insinuam-se em meio à mata pequenas vilas sem asfalto, algumas casinhas, em sua maioria brancas, para de novo a paisagem ser tomada pelo verde. Esse jogo de revela-esconde das poucas casinhas brancas em meio à paisagem permaneceu por todo o caminho até Piriápolis, que já foi o balneário mais famoso do Uruguai.
É claro que o objetivo principal dos turistas, enquanto viajávamos, era Punta del Este, sempre aguardada. Fomos comunicados, no entanto, de que, no meio do caminho, passaríamos por Piriápolis para apreciar a vista. Aí fiquei pensando: o que eu poderia contar sobre Piriápolis, onde estive por uns vinte minutos e aonde os turistas que me acompanharam foram para apreciar a vista?... Cabia a mim descobrir o que era importante lá além da bela vista.
Então, algo que não pode deixar de ser contado é a história de seu fundador, Francisco Piria, que, afinal de contas, dá nome à cidade – Piriápolis, cidade de Piria. Só pensar “Quem foi esse uruguaio que fundou a própria cidade”? Já é algo que inspira a escrever. Assim, vamos a ele.
Filho de imigrantes genoveses, Francisco Piria nasceu em Montevidéu em 1847. Em idade escolar foi levado à Itália por um tio monge, que o colocaria em contato com os conhecimentos filosóficos sobre a alquimia, que teriam grande influência em sua vida e cuja simbólica pode ser vista e constatada em tudo quanto criou e desenvolveu. Além de ter fundado a cidade balneária de Piriápolis, chamada sugestivamente de “cidade do porvir”, é responsável pela existência de várias dezenas de bairros na capital uruguaia. A atual sede da Suprema Corte do país foi sua residência em Montevidéu, mandada construir por ele, cravada em pleno centro histórico da cidade, pertinho de onde eu me havia hospedado.
Tudo isso se deve à destacada atuação de Piria como empresário: desde logo tornou-se um homem de negócios, de tino extraordinário. Comprava terras, para depois dividi-las e vendê-las. “Convidava” amigos a se hospedarem na cidade, em grande parte argentinos, e depois fazia as propostas de venda, que se acabavam concretizando. E Piriápolis, cujo desenvolvimento foi baseado desde sempre no turismo, acabou por consolidar-se.
Contudo, eram apenas duas as pessoas de confiança de Piria que poderiam tocar esse projeto adiante depois de sua morte, que se deu em 1933: um de seus filhos, Pancho, e um amigo, Carlos Bonavita. Bonavita ceifaria a vida a Pancho após um desentendimento, e a si próprio logo depois, não muito tempo após o falecimento de Piria. Na ausência de seu fundador e de seus dois continuadores naturais, o Estado se apropriou da cidade, que perdeu seu status de balneário mais famoso do Uruguai para a vizinha Punta del Este. Entretanto, Piriápolis prossegue, ainda bastante famosa, com o ápice de sua temporada no verão.O turismo interno é bastante importante, embora latino-americanos em geral e mais recentemente europeus a estejam descobrindo.
Chegamos ao alto do Morro do Inglês, mais conhecido como Cerro San Antonio, por causa da capelinha depositária de uma imagem imponente do santo casamenteiro que está em seu cume. Enquanto meus companheiros de viagem apreciavam a vista, depois de tiradas algumas fotos, claaaaro, aproveitei para rezar; não pelas coisas do coração, que essas vão ser como tiverem que ser, mas pelos que estavam lá e pelos que ficaram aqui.
Por um capricho da natureza, a vista da Baía de Piriápolis lá de cima do Cerro San Antonio lembra um coração. Digo o óbvio, mas isso acabou por cativar os turistas todos. As fotos que fiz, guardo todas. Ilusões não tenho muitas. A ciência progride rápido, mas o tempo também está passando rápido e estou perdendo progressivamente a coragem e a vontade de me arriscar ante as investidas destemidas da medicina, a não ser que tenha mais garantias do que suposições. Contudo, as fotos me esperarão sempre. Quem sabe eu também não termino cativada pela Baía de Piriápolis um dia desses... Hoje não vivo mais para poder ver um dia, mas essa também não é uma possibilidade que eu descarto por completo; que seja o que tiver que ser.
Parabéns querida amiga por retratar tão bem Piriápolis . É um lugar pra se dizer : quero voltar com mais vagar .
ResponderExcluirGracias amiga por este regalo. Por traer a mi mente un lugar tan hermoso y con una envolvente energía.
ResponderExcluirObrigada, Carol. Se tivéssemos mais tempo, creio que eu escreveria mais, que captaria Piriápolis melhor; mas tá valendo! Bjs
ResponderExcluirGracias a ti, Ali! Si tengo, si tuve el poder mágico de transportarte con mis palabras al lugarcito hermoso de tu infancia, entonces el regalo es mio! Lo mejor regalo para quién escribe es si las palabras tienen magía para la persona que lo va a leer. Besito!
ResponderExcluirA propósito, me encantó ver tu comentario aquí, bienvenida a mi lugarcito. Qué vuelvas siempre!
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